Poucos colorados não fechariam um acordo para que 2011 fosse uma repetição do que aconteceu na noite desta quinta-feira, no Beira-Rio: futebol regular, mas vitória; pouco brilho técnico, mas bola na rede; desempenho discreto, mas três pontos na conta. E, como de costume, a genialidade de D’Alessandro, o Cabezón pensante da equipe de Celso Roth. No primeiro jogo do time titular na temporada, o Inter venceu o Juventude por 3 a 1, de virada, pelo Campeonato Gaúcho. D’Ale marcou duas vezes, uma delas em pênalti duvidoso, e Leandro Damião foi o dono do outro gol da equipe vermelha, vazada pelo volante Jardel, do Juventude.
O Inter teve futebol discreto. Foi um pouco melhor do que o Juventude, no limite daquilo que o clube esperava para o primeiro jogo na temporada. O destaque ficou com o último gol vermelho, o segundo de D’Alessandro, em conclusão perfeita após tabelamento com Alex.
Com o resultado, o Inter pulou para 12 pontos, na segunda colocação do Grupo 1 do Campeonato Gaúcho – um atrás do Caxias. O Juventude, com 13, segue na ponta da outra chave. O Colorado volta a campo no domingo, fora de casa, contra o Veranópolis. O time da Serra recebe o Novo Hamburgo também no domingo.
Inter titubeia no primeiro tempo: 1 a 1
Foram titubeantes os primeiros minutos do time titular do Inter em 2011. O Juventude começou melhor no Beira-Rio, foi ao ataque com força, teve imposição geográfica em campo e, como consequência, logo marcou o primeiro gol. O lance nasceu em chute de Cristiano, cresceu com espalmada fraca de Lauro, amadureceu com cruzamento de Zulu e morreu em conclusão tranquila de Jardel. Eram cinco minutos, e o Inter saía perdendo.
Grão a grão, o Inter construiu a leve soberania que teria nos primeiros 45 minutos. Conforme alertara Celso Roth, não era de se esperar muito da equipe colorada. E o rendimento, de fato, foi pobre – porém, suficiente para dar o troco. Zé Roberto já havia perdido um gol quando o Inter empatou. Guiñazu acionou D’Alessandro na ponta esquerda, o Cabezón emendou o cruzamento, Zé Roberto passou pela bola e Leandro Damião, esticando cada osso do corpo, completou para o gol.
Seguiu movimentado o primeiro tempo. Guiñazu, após bela assistência de Tinga, mandou a bola na trave. A reação do Ju foi com Julio Madureira, aproveitando falha de Ronaldo Alves e chutando por cima, com perigo. Nei ainda teve tempo de arriscar um chute em diagonal – bem defendido por Jonathas.
Antes de terminar a etapa inicial, o Inter perdeu o meia-atacante Zé Roberto, com lesão muscular na perna direita. Ele era um dos melhores atletas em campo.
Dois de D'Alessandro
O controle vermelho aumentou no segundo tempo. Com Andrezinho no lugar de Zé Roberto, Guiñazu se movimentando muito e Tinga se sentindo livre para escapulir ao ataque, o Inter criou chances. Andrezinho bateu falta com perigo, rente ao ângulo, após desvio na barreira. Leandro Damião, de cabeça, complementou bem o cruzamento de Tinga, mas Jonathas defendeu.
O problema é que o jogo mergulhou em um período de extremo marasmo. O Juventude não conseguia atacar, e o Inter parecia lutar contra as pernas em campo. Foi preciso a torcida vaiar o time para o Colorado reagir. Leandro Damião cruzou da direita e D'Alessandro, do outro lado, mandou de canhota. Jonatas defendeu. A resposta alviverde foi com Cristiano, em chute também defendido por Lauro.
O Inter não dava grande pinta de que venceria o jogo. E foi aí que surgiu um pênalti. Em bola lançada para a área, o árbitro Luís Teixeira Rocha viu puxão em Wilson Matias. Os atletas do Juventude resmungaram, levaram as mãos à cabeça, não acreditaram no que viram. Mas não teve jeito: D'Alessandro bateu com perfeição e virou o jogo para o Inter.
Mas o Cabezón brilhou mesmo em seu segundo gol. Pela direita, dentro da área, ele tabelou com Alex, pegou a bola de volta, olhou para o gol alviverde, viu um cantinho aberto e mandou a bola lá, com toda a visão, com toda a qualidade. Lindo gol.
E o Juventude nada mais teve a fazer. Ainda sem ser aquele Inter necessário para uma Libertadores, o atual campeão da América começou 2011 daquele jeito que mais quer: vencendo.