Sorte do mundo que não acabou - pelo menos por enquanto - neste sábado, como anunciou um movimento cristão norte-americano. Sorte dos rubro-negros, que puderam ver o melhor jogo de Ronaldinho com a camisa do Flamengo. Na estreia do time no Campeonato Brasileiro, o camisa 10 foi buscar um pouco daquele futebol que o consagrou na Espanha, que fez dele o melhor do planeta. Foi dia de dar caneta, de tocar de primeira, olhar para um lado e passar a bola para o outro. Foi dia de tabelar e dar assistência. E teve gol também. Na vitória por 4 a 0 sobre o Avaí, no estádio Cláudio Moacyr, em Macaé, o craque sobrou.
R10 não brilhou sozinho. Egídio, tão contestado, também se apresentou muito bem. O argentino Bottinelli, aos poucos, começa a aparecer. O gringo abriu o placar e fez o primeiro gol dele em um jogo oficial pelo clube.
O Avaí, com a cabeça na semifinal da Copa do Brasil, não resistiu. A equipe formada praticamente por reservas nada pôde fazer contra um adversário empolgado e começa a caminhada no nacional com derrota.
Fla joga como se o mundo fosse acabar
O Flamengo volta a jogar no domingo que vem, contra o Bahia, no estádio Pituaçu, em Salvador, às 16h. No sábado, o Avaí recebe o Atlético-MG, na Ressacada, às 18h30m. Antes, porém, o time enfrenta o Vasco, na quarta-feira, também em Florianópolis, pela semifinal da Copa do Brasil. A partida será às 21h50m. No jogo de ida, empate por 1 a 1, em São Januário, que dá aos avaianos o direito de empatar sem gols para ir à decisão.
Os jogadores do Flamengo acreditaram. Ou pelo menos pareceram crer que não existiria o amanhã, como anunciara um movimento cristão norte-americano. Se o mundo acabaria mesmo, então que o hoje fosse o melhor possível. Nenhum jogador rubro-negro poupou esforços contra o Avaí. A equipe de Vanderlei Luxemburgo foi insinuante, disposta e tomou conta do gramado do Moacyrzão com trocas constantes de posição dos homens de meio-campo.
O Ronaldinho do Flamengo, que até vaias já ouviu, quis lembrar o Ronaldinho do Barcelona. Toques de calcanhar, de primeira, visão de jogo, disposição, liderança. Se não pode mais ser espetacular como nos tempos de melhor do mundo, o Gaúcho tenta ser diferente em campo. Quer fazer o Rubro-Negro jogar no ritmo dele.
Com apenas cinco titulares, o Avaí atacou muito menos, mas também se aproximou do gol de Felipe com perigo. Ora pelos lados de campo, ora em chutes de longe. Fábio Santos e Rafael Coelho incomodaram os zagueiros, mas jogar no contra-ataque foi um risco que os catarinenses assumiram. Esperar o Flamengo na defesa não deu certo, e a pressão virou gol de Darío Bottinelli na metade da etapa inicial, após boa jogada de Galhardo, substituto do machucado Léo Moura na lateral direita. Primeiro gol de “El Pollo” em jogos oficiais pela equipe.
Convocado por Mano Menezes na última quinta-feira, Thiago Neves continuou esforçado, mas brilhou menos que de costume. Brilho que não faltou a Egídio. Único jogador vaiado durante o anúncio da escalação, Gidão surpreendeu. Endiabrado, foi boa opção pela esquerda. Jogou os melhores 45 minutos dele na temporada. Talvez os melhores com a camisa rubro-negra. Quando a limitação técnica pesou, se virou na raça. Ganhou aplausos a caminho do vestiário.
Ronaldinho como Ronaldinho
Não foi um Flamengo perfeito. A defesa deu espaços, os jogadores foram afobados e erraram passes em alguns momentos. A bola parada surgiu como alternativa. Renato cobrou falta com força, mas longe demais; Ronaldinho parou na barreira; Thiago Neves esbarrou no goleiro Renan.
A desvantagem não fez o Avaí mudar de postura. Silas mudou o ataque, tirou Fábio Santos para a entrada de Maurício Alves, mas não surtiu efeito. Foi um time lento, de poucas opções ofensivas, limitado. Bom para o Flamengo, que soube aproveitar dois contra-ataques para decidir a partida.
